Monday, March 05, 2007

Fundo do Baú: Craques do Botafogo nas décadas de setenta e oitenta


Ziza (ponta-esquerda, filho do Pinga)


Renato Sá (meio campo)


Mendonça (meio campo)



Crônicas botafoguenses

A década de 1970 foi muito injusta com o Botafogo. Nenhum título. Nem de cuspe à distância rolou. Os deuses do futebol foram muito cruéis com o meu time de coração. Pensei até em mudar de time. Mas, o coração falava mais alto. Segui teimoso.

Depois de um período com um sofrível ataque (que era considerado ataque cardíaco pelos botafoguenses) formado por Cremilson, Puruca e Nilson Dias, o time passou a ter ótimos jogadores na frente. Adorava o Marcelo e o Ziza (vieram do super time do Atlético MG) e ainda tivemos, mais tarde, o Renato Sá e o Mendonça. Das defesas só tenho más recordações. Houve também um período em que o time era espetacular, com Gil, Manfrini, Mário Sérgio e Paulo César. Mas, de nada adiantou. Passou em branco.

O meu maior pavor eram os jogos contra o Vasco. Praticamente impossível de ver uma vitória do Botafogo. Quase sempre, depois dos 40 minutos, algum cruz-maltino estragava a festa, fazendo o gol da vitória. Ora era o Dé, ora era o Roberto Dinamite. Quando havia empate, o sabor era de vitória pra gente. Um dia, o Botafogo, que contava com um excelente ponta direita chamado Edson, pôs fim a um jejum de anos e venceu o Vasco por 3 x 0. Nenhum botafoguense comemorou até o momento do juiz apitar o final da partida.

Na primeira metade da década de 1970 brilhou a única estrela solitária: Marinho Chagas. Foi o maior lateral esquerdo que vi jogar. Junior e Roberto Carlos não valiam uma perna dele. Foi escolhido o melhor lateral da Copa de 1974 que, pra mim, foi aquela com o futebol mais moderno e hipnótico. A Holanda acabou com as posições fixas dos jogadores em campo. Deu show mas não levou. Deu Alemanha. Depois nas outras copas posteriores tudo voltou ao normal. O máximo que aconteceu foi uma melhor preparação física.

Em 1982 vi a melhor seleção do Brasil depois daquela de 1970. A Argentina de Maradona não teve a menor chance com a gente. Foi 3 x 1. Pena que um tal de Paolo Rossi, bambino d'oro, amanheceu com o proctodeu virado pra Lua e acabou com as esperanças do Brasil na Espanha. Itália 3 x 2 Brasil.
O estranho mundo do Chico: desenhar é preciso, viver não é preciso


Netuno (Poseidon, Senhor dos Mares). Não escondo que tinha profunda admiração por deuses greco-romanos. Netuno era uma das divindades que mais me atraía. Sempre achei que com a adoção do Cristianismo como religião oficial de Roma (realizada por Constantino), deu-se um o processo de troca de deuses vitoriosos e interessantes por semi-deuses contemplativos e derrotistas, ou seja, os santos católicos. No meu entender, os deuses antigos sofreram um injusto e cruel processo de demonização. Um reflexo disso pode ser constatado na utilização do tridente de Netuno, que era um apetrecho de pesca comum entre os gregos, como um dos símbolos do Diabo, na mitologia católica.
A imagem de Xangô. As religiões de origem africana são riqúissimas em simbolismo. Lamentável como elas têm sido abandonadas ou corrompidas pela introgressão de elementos de religiões monoteístas. Um dos maiores exemplos desta corrupção é a distorção do que vem a ser Exu. Esta divindade é tipicamente um mensageiro dos orixás. Ele é equivalente a Hermes ou Mercúrio do Pantheon greco-romano. No entanto, o catolicismo e as seitas pentecostais o relegaram à condição de demônio ou coisa parecida. Foi decomposto em diversas entidades telúricas como se fossem de uma legião infernal. Muito triste e insano. Bem, eu nunca aceitei a equivalência imposta entre divindade católica e divindade cultuada nas nações africanas. A correspondência deve ser traçada entre outras religiões politeístas da antiguidade. Daí teremos condições de recuperar a história do mito.
Esta figura de Xangô está longe do sincretismo usual com São Jerônimo. Tinha percebido isto no final da década de 1970, ainda na adolescência.

A minha deusa protetora: Minerva (Palas Atena). Foi por adoção. Eu a escolhi entre tantas outras divindades de plantão. Suas qualidades são muitas. Inteligente e guerreira; fiel protetora. Ela é vista aqui lutando contra os titãs durante a Gigantomáquia. Na minha vida, Minerva e Netuno trabalharam em conjunto. Esta união me permitiu entender com mais clareza as coisas do mar. O desenho foi feito no final da década de 1970.



Minha visão de Hórus. Uma divindade maravilhosa da mitologia do Egito antigo. Década de 1970.



Hércules e a Hidra de Lerna. Tudo começou quando tive em mãos pra ler os Trabalhos de Hércules, mas sob o prisma de Monteiro Lobato. Devorei o livro. Me apaixonei pela assunto. Brincava com os meus amiguinhos de infância representando cada um dos 12 trabalhos de Hércules. Estudávamos detalhadamente cada passagem. Leão de Neméia, Hidra de Lerna, Hipólita (rainha das Amazonas) etc faziam parte do nosso dia a dia. Este desenho foi feito no final dos anos setenta.


Bacco e o bacanal. Sonho meu participar de um. Bacco era, com certeza, o deus mais simpático do Olimpo.


O "bem" e o "mal" caminhando paralelamente no tempo e no espaço. Pra mim, sempre foram farinha do mesmo saco. Um não vive sem o outro. Os dois polos devem existir para que ocorra ação e mudança. São catabolismo e anabolismo. Faces de uma mesma moeda. Um constroi e o outro destroi e por aí vai. O problema maior é o maniqueísmo que lhe foi conferido por certas religiões.
Na infância, a imagem de Deus que me foi passada era tudo, menos a que eu gostaria que ela tivesse. Sempre achei que bem e mal não são conceitos imutáveis e sim relativos; podem flutuar de acordo com os interesses da sociedade. Queimar pessoas com idéias contrárias às do fundamentalismo católico era admitido como algo legítimo num ritual de purificação durante a Santa Inquisição. O bem era aquilo admitido como certo pela Igreja e seus mestres. O contrário, era algo inpirado pelo Demônio, e deveria ser punido. Bem, dentro desse contexto, eu tinha pavor de entrar em dois lugares: cemitério e Igreja. Os dois me causavam pavor. Eram templos de exaltação à dor e ao sofrimento. Pra mim, era indiferente que nos sonhos aparecesse a Virgem ou o Demônio. Rezava para que nenhum dos dois se manifestasse. Tinha medo dos dois.


O mito de Adão e Eva sempre me atraiu pelo seu rico simbolismo. Muito tempo depois, depois de ler os Mitos hebreus, de Robert Graves e Raphael Patai, entendi a sua construção a partir de outros mitos de povos da região da Mesopotâmia e da Grécia antiga. Curioso como todos os males da humanidade (tal qual no mito da caixa de Pandora) foram atribuídos à mulher. A inferioridade em relação ao homem também lhe foi outorgada. O sofrimento na hora do parto foi o presente do Deus "bom", "justo" e "misericordioso". Só nos resta exaltar Lilith, a antecessora de Eva, que se revoltou contra o machismo e o patriarcalismo celestiais. Ela é mãe espiritual de todas as feministas que pregam igualdade de condições entre homens e mulheres. No meu entender, a sexualidade e a fecundidade são as grandes virtudes que devemos exaltar. O culto à virgindade é uma estupidez sem limites.
Caricaturando o mundo (parte 2)


Uma caricatura de Valéria Gallo



Elementos uerjianos


Olarico, colega dos bons tempos de Colégio Pedro II-Humaitá, década de 1970.




Esta é uma caricatura de uma vizinha chamada Edna. Ela adorava bater na nossa porta para dizer que havia uma mulher passando trote no telefone e falando mal do meu pai. Muito tempo depois soubemos que se tratava de um esquema montado por ela para forçar a nossa saída do local onde morávamos para que o amante dela se instalasse*rs (história no estilo de Nelson Rodrigues*rs). Achei a cena patética e resolvi imortalizá-la neste desenho. Anos oitenta.











Este desenho mostra a tomada de poder no Irã pelo Aiatolá Khomeini e a morte do Xá (ex-soberano) Reza Pahlavi.












A minha primeira caricatura feita de jogadores
de futebol. Copa do Mundo de 1974.







Apresentador muito estranho de um programa de TV chamado a Bronca é Livre. Anos oitenta.