Bem,
Para tudo há um começo. Este diário on-line não se afasta da regra. Aos poucos vou escrevendo e colocando coisas, mas em doses homeopáticas já que o meu tempo é sagrado e contado.
Nele há informações sobre novidades acadêmicas, passatempos, reflexões e baixarias.
Novidades acadêmicas a) Estou, no momento, reunindo e selecionando material para começar a redação de um trabalho sobre Lucilio Vanini, morto (queimado na fogueira) na França do sec. XVII, durante a inquisição, por advogar, entre outras verdades, parentesco entre o homem e macacos antropomórficos. Este interessante pensador é pouco citado em obras sobre filosofia e história das ciências biológicas. Penso em escrever uma tradução comentada da sua obra para o português. Mas sei que isto vai levar tempo, pois está toda ela escrita em latim (sic!).
Minhas pesquisas começaram na Biblioteca Nazionale Centrale de Roma, em fevereiro. Estive com um original desse autor, onde assina Julio Cesar Vanini, e uma edição comentada feita por um autor italiano recente que fez uma tese sobre a obra de Vanini.
b) Falta pouco para eu encaminhar a versão definitiva da Tese sobre clupeomorfos fósseis do Cretáceo e Terciário do Brasil, pelo Museu Nacional. São mais de 300 páginas e quase 100 figuras. Tenho prazo de três meses para imprimir e encadernar os volumes.
c) Eu e Paulo Brito estamos prestes a terminar um trabalho sobre
L. ancestralis um osteoglossomorfo fóssil da Formação Areado, Cretáceo da Bacia Sanfranciscana. Um trabalho maior, sobre
Clupavus brasiliensis da Formação Marizal, encontra-se em etapa inicial de redação.
d) Eu e Valéria Gallo temos esperança de terminar, muito em breve, um trabalho sobre a descrição de um novo euteleósteo para os folhelhos escuros do Eocretáceo da Bacia do Araripe.
e) Aos poucos os capítulos da Tese (5 ao todo) estão sendo convertidos em artigos, todos em língua inglesa.
f) Finalmente, depois de muita confusão (deveria estar pronto no ano passado), no final deste mês, estará disponível para venda o livro
Paleontologia de Vertebrados, de Gallo, Brito, Silva & Figueiredo (eds.), pela Editora Interciência, Rio de Janeiro. Reúne artigos originais sobre o assunto. E, particularmente, participo de três artigos sobre peixes ósseos, além de contribuir com um texto em homenagem ao paleoictiólogo Rubens da Silva Santos (1918-1996).
Foto do saudoso Professor Rubens, em viagem pelo Atlântico, na década de 1970.
Meus trabalhos mais recentes
GALLO, V., FIGUEIREDO, F.J. & SILVA, H., 2005. Análise Filogenética dos Dercetidae. Boletim do Museu Nacional, Rio de Janeiro, 63(2): 329-352.
FIGUEIREDO, F.J. & GALLO,V., 2006. Actinopterígios paleopterígios: morfologia e taxonomia. p. 1-24 In: GALLO, V.; BRITO, P.; DA SILVA, H.A.; & FIGUEIREDO, F.J. Paleontologia de Vertebrados. Editora Interciência, Rio de Janeiro.
FIGUEIREDO, F.J. & GALLO,V. 2005. Uma história de actinopterígios paleopterígios. p. 25-46. In: GALLO, V.; BRITO, P.; DA SILVA, H.A.; & FIGUEIREDO, F.J. Paleontologia de Vertebrados. Editora Interciência, Rio de Janeiro.
FIGUEIREDO, F.J. & GALLO,V. 2006. Um paleontólogo chamado Rubens da Silva Santos. p.ix-xiii. In: GALLO, V.; BRITO, P.; DA SILVA, H.A.; & FIGUEIREDO, F.J. Paleontologia de Vertebrados. Editora Interciência, Rio de Janeiro.
FIGUEIREDO, F.J. 2005. Reassessment of the morphology of Scombroclupeoides scutata, a teleostean fish from the Early Cretaceous of Bahia, with comments on its relationships. Arquivos do Museu Nacional, Rio de Janeiro, 63(2):507-522.
GALLO, V.; FIGUEIREDO, F.J.; & COELHO, P., 2006. A Paleoictiofauna da Formação Atlântida, Bacia de Pelotas. p. 109-126. In: GALLO, V.; BRITO, P.; DA SILVA, H.A.; & FIGUEIREDO, F.J., Paleontologia de Vertebrados. Editora Interciência, Rio de Janeiro.
FIGUEIREDO, F.J. 2006. A new marine clupeoid fish from the Lower Cretaceous of Sergipe-Alagoas Basin, Northeastern Brazil. Arquivos do Museu Nacional, Rio de Janeiro, (submetido) (ISSN 0365-4508).
GALLO, V.; SILVA, H.A.; & FIGUEIREDO, F.J. 2006. The interrelationships of Dercetidae (Neoteleostei, Aulopiformes). p. 101-104. In: POYATO-ARIZA, F.J. (ed.) Fourth International Meeting on Mesozoic Fishes – Systematics, Homology, and nomenclature. Miraflores de la Sierra, Madrid.
FIGUEIREDO, F.J.& GALLO, V. 2006. A new dercetid fish (Neoteleostei: Aulopiformes) from the Turonian of Pelotas Basin, Southern Brazil. Palaeontology, London, 49(2): 1-12.
Meu Top 10 do rock progressivo italiano1) Celeste - Principe de un giorno
2) Museu Rosenbach - Zarathustra
3) De De Lind
4) Premiata Forneria Marconi - Storia de un minuto
5) Banco del Mutuo Soccorso - primeiro álbum
6) L'Uovo di Colombo
7) Quella Vecchia Locanda - Tempo della gioia
8) Campo de Marte
9) Arti Mestieri - Tilt
10) Corte dei Miracoli
Top 10 do Rock Progressivo Padrão
1) Satin Whale - Desert Places
2) Gryphon - Red Queen to Gryphon Three
3) Camel - Snow Goose
4) Grobschnitt - Rockpommell's land
5) Jethro Tull - Songs from the Wood
6) Kansas - Two for the show
7) Novalis - 2
8) Mike Oldfield - Incantations
9) Genesis - Selling the England by the pound
10) Eloy - Silent Cries and Migthy Echoes
Ventos da ItáliaDurante a minha passagem por Roma, em fevereiro, aproveitei para tirar muitas fotos de monumentos, vias, igrejas, e curiosidades junto com Anja e as criaturinhas.
Estive no maior bosque da fagáceas da Europa. Fica próximo do povoado de Allumieri. Lá, também ocorrem afloramentos fossilíeros, mas tive pouco tempo para pesquisar. Fica pra próxima vez.
Coisas que me impressionaram na Itáliaa) A pizza de Torre Vecchia, em Roma. Sem comentários. Muito boa.
b) O fantástico vinho artesanal da vecchia Angelica de Allumieri. Um litro custa 1 euro.
c) A imensa e variada feira de Porta Portese. Lá encontra-se de tudo; desde material arqueológico e paleontológico até LPs e CDs. As barracas com LPs expõem caixas e mais caixas de material de toda a Europa. Tem muita coisa boa, principalmente dos antigos países da "Cortina de Ferro".
d) Mendigos proibidos de atuar no Vaticano!
e) Missa do Gallo é paga
f) A café é pouco generoso (menos de 1 dedo de altura na xícara; que horror! fala sério!)
g) A salada é o último prato da tripla refeição diária
h) Todo mundo bonitinho e bem arrumado andando despreocupadamente de ônibus numa cidade tranquila e limpa (quando comparada com o Rio de Janeiro)
i) Supostos bandidos mal encarados teriam vaga como bonitões na novela das oito da TV Globo!
Aquisições ocasionaisComprei dois livros sobre rock progressivo italiano (Anni 70, Generazione rock; Enciclopedia de Rock Progressivo,volume 2). Quem me conhece sabe da minha paixão pelo prog italiano. Mas, não é fácil achar livros sobre o assunto. Muitos estão esgotados. Tive que rodar a cidade inteira, mas achei algo numa Feltrinelli. O volume 1 da Enciclopedia de Rock progressivo está esgotado (snif). Comprei também um interessante livro intitulado Spiegare i Miracoli, explicando os milagres dentro da mitologia católica.
Ouvi muita música brasileira de qualidade em várias lojas de discos espalhadas por Roma. Eles tocam muito Jorge Ben, Tom Jobim, Chico Buarque, Toquinho e Vinicius de Moraes. Foi lá que ouvi também, pela primeira vez, a incrível Dona Edith do Prato e as vozes da purificação. Paixão a primeira vista.
Aqui estou eu "esmagando" Yussid fish...pouco
antes dele soprar 3 velinhas
A galera reunida na Fontana di Trevi ...
e passeio pelo Coliseu...
Aproveitei o tempo na Biblioteca para fazer anotações sobre peixes recentes e fósseis de livros raros. Vi obras de autores como Ulisse Aldrovandi, Serafino Volta, e Ippolito Salviani. Deste último tive em mãos uma edição limitada (300 exemplares) e relativamente recente (década de 1960) de pertencente à Biblioteca de Roma, mas muito similar à edição original.
Coisas de ictiólogo: Salviani, Aldrovandi e os fósseis de Monte BolcaIppolito Salviani foi um aristocrata bem sucedido nascido na Úmbria, Itália. Estudou medicina em Roma, onde foi professor de medicina prática na Sapienza, de 1551 a 1568. Chegou até a publicar um trabalho médico intitulado
De crisibus ad Galeni censuram (1556). Mas é mais conhecido pelo seu trabalho monumental dentro da ictiologia. Seu talento suscitou o apoio moral e financeiro do cardeal Cervini, futuro Papa Marcelo II, que custeou suas viagens de coleta pelo mar Mediterrâneo e boa parte da Europa Ocidental. Em seu
Aquatilium animalium historiae, liber primus, cum eorumdem formis, aere excusis (1554-58), Salviani descreve 92 peixes da península itálica e adjacências, apontando locais de maior abundância, modo de vida, métodos de pesca, processamento do pescado, e propriedades terapêuticas, realçando o valor econômico de cada um deles. Os nomes dos peixes são expostos em latim, grego e italiano, acompanhados de sinônimos e citações de outros autores como Aristóteles, Aelius, e Plínio. Ele não propõe nenhum esquema de classificação formal, mas uma ordem de complexidade está implícita na sua obra. As 81 ilustrações que compõem a obra são de alta qualidade para os moldes da época e, na sua maioria, foram feitas pelo grande artista francês Antoine Lafréry.
Nesse período, cabe destacar também o trabalho enciclopédico feito por dois naturalistas. Um deles é o suíço Conrad Gesner (1516 - 1565) que fez a compilação de todo o conhecimento medieval sobre o mundo animal na sua volumosa
Historia animalium (1551-1587). Particularmente, no
Liber quartus, intitulado
Piscium et Aquatilium animantium natura, publicado postumamente em 1558, ele aborda animais marinhos de todo o tipo, incluindo descrições de várias criaturas mitológicas.
O naturalista italiano Ulisse Aldrovandi (1522–1605), em seu
De Piscibus Libri (1638), apresenta uma descrição baseada o mais próximo possível da correta morfologia de vários peixes obtidos em mercados de peixes de Roma. Os exóticos são incluídos no livro com base em descrições de terceira mão. Incluiu 400 xilogravuras de peixes. Em seu
Museum metallicum (1648) incluiu ilustrações de fósseis de holósteos (e.g., picnodonte
Pycnodus gibbus) e teleósteos (e.g. carangídeo
Vomeropsis triurus) que vieram e Monte Bolca, no norte da Itália.
Com relação ao importante jazigo fossilífero de Monte Bolca, acho que foi Andrea Mattioli, em seu
Discorsi sopra Dioscoride (1555), quem registrou pela primeira vez a ocorrência de peixes fósseis. Ele achava que esses peixes nasciam pela ação do calor e de uma matéria gordurosa e que podiam viver e crescer dentro das rochas, ou seja, uma nova versão para a conjectura original de Aristóteles. Já, em outro volume ele aponta que o fóssil é originado da "virtude celeste" dos planetas da mesma forma que o ouro era originado do Sol, a prata da Lua, o ferro de marte etc. Já, Francesco Calceolari, em 1571, reúne em um Museu de Verona, mais tarde transformado em Museo Calceolari, uma significante coleção de peças arqueológicas, mineralógicas, zoológicas e paleontológicas, incluindo peixes fósseis do Monte Bolca.
Trivialidades de última horaMinha turma de Colégio Pedro II (Humaitá,turno da tarde, 1975-81) se reúne nesta sexta-feira, no Planeta do Chope,Maracanã. O nosso eterno mestre e amigo Antonio Fernandes, professor de Física, estará presente. Confirmaram presença figuras ilustres como Márcio Carvalhosa ("Magoo"), William Tavares de Jesus, José Manuel Polo Araújo ("Lolô"), Regina Cely Barroso, Karla Carneiro da Silva Mendonça, Luiz Eduardo Santos (Amendoim), Silvio, Ana, Marco Pombo, Geysa Maria, Marco Antonio Rodrigues, Neufer, entre outros...
Procuramos por: Mauro Vasco da Rocha, Luiz Antonio Hadler, Luis Carlos Virgínio Magalháes, Alberto ("Beto Flash"), Roberto Lobão, Liz Terra...
